Medicina ou inteligência artificial? Vamos falar disso?

Por Portal Opinião Pública 20/04/2023 - 12:43 hs
Foto: Divulgação

Dr. Luiz Marcelo Chiarotto Pierro

Nos últimos anos, o avanço tecnológico trouxe a luz da ciência para a parte médica. Hoje, temos programas de computador que avaliam tomografia e ressonância com uma sensibilidade maior que a visão do médico. Será isso o fim da radiologia?

Mais adiante, a inteligência artificial começou a diagnosticar doenças, conforme um banco de dados previamente estabelecido. Apenas com a história médica e alguns exames, o diagnóstico preciso pode ser realizado por um computador. 

Mas o quanto isso é válido?

Se todos nós fossemos iguais, faria sentido. Mas não. Somos diferentes, e bem diferentes. Pode se ter a mesma idade, sexo, cor, religião. Podem ser irmãos, mas existem diferenças. E essas diferenças o computador não consegue avaliar. 

Hoje na medicina trabalhamos centrados no paciente, isso é, não se trata apenas da doença, mas qual sentimento a pessoa tem em relação a sua enfermidade. A influência do psicológico atua sim no tratamento e esse tipo de variável o computador não consegue realizar. 

Examinar uma pessoa, ausculta cardíaca, pulmonar, exame do abdômen, nada disso pode ser feito por uma máquina. Muitas vezes a cara de dúvida do paciente alerta ao médico para que, talvez, ele não esteja entendendo o que está sendo dito.  

Sentimentos, exames, percepção de algo errado, nenhuma máquina substituirá o homem. A suspeita diagnóstica pode ser feita por um computador, mas e o tratamento? Cada paciente responde de uma forma.

Instrumento como o ChatGPT, muito usado hoje, deverá servir apenas como "tira-dúvidas" e jamais como programa para diagnóstico e tratamento. 

A medicina robótica avançou e hoje, algumas cirurgias podem ser realizadas por computador. Porém, na menor intercorrência, um cirurgião deverá estar no momento da cirurgia para atender ao paciente. Anatomicamente, somos diferentes.

Então, a inteligência artificial não irá tomar o lugar do médico, mas servirá de auxílio nos diagnósticos mais complexos. 

Pode-se mudar tudo quando computadores tiverem a percepção do psicológico humano, mas até lá, apenas humanos podem avaliar o que é melhor para o paciente. 

Mas não podemos não falar sobre isso.

Um grande abraço!